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Sistemas mecanizados de colheita de algodão

mar. 30, 2022

Post feito em 28/07/2021

Conheça os principais sistemas mecanizados de colheita utilizados na cultura do algodoeiro.

Os sistemas mecanizados de colheita reduzem os custos operacionais com maquinários e mão de obra, além de promoverem uma colheita mais rápida e com menor quantidade de impurezas. Graças a estes sistemas foi possível o cultivo de algodão de forma economicamente viável em grandes áreas na região central do Brasil.

Leia este artigo da Ag.In para conhecer os diferentes sistemas mecanizados de colheita e suas principais características.


Importância de uma boa colheita na cultura do algodão



A obtenção de fibras de qualidade a partir da pluma do algodão depende de dois conjuntos de fatores: fatores intrínsecos e fatores extrínsecos.


Os fatores intrínsecos dependem do potencial genético da cultivar, e podem ser influenciados por condições edafoclimáticas e do manejo da lavoura. Vários fatores interferem na qualidade da fibra produzida desde o plantio até o preparo pré-colheita. 


Uma vez garantidas boas condições para iniciar a colheita, os fatores extrínsecos, que dependem do tipo de colheita utilizada, armazenamento e beneficiamento, são fundamentais para garantir boa qualidade e rentabilidade do produto.

A colheita é uma fase muito importante na cotonicultura, pois representa boa parcela do custo de produção. Além disso, impacta a margem de lucro em função de perdas quantitativas e qualitativas.

Tipos de colheita mecanizada

As colhedoras de algodão podem ser separadas em dois tipos: colhedora de fusos ou “picker” e colhedora de pente ou “stripper”.

escolha por um ou outro tipo de colhedora deve levar em consideração aspectos relacionados ao espaçamento de semeadura, mecanismo de colheita empregado pela máquina, custo de colheita, custos de manutenção e qualidade do produto.


Independentemente do tipo de colhedora utilizada é importante que todas as fases do processo produtivo estejam adaptadas para receber a colheita mecanizada. As decisões de escolha de variedades, população de plantas, espaçamento, uso de reguladores de crescimento e maturadores exercem influência direta na eficiência da colheita mecanizada.


Conheça a seguir os dois principais tipos de colheita mecanizada!


Colhedoras de pente ou “Stripper”



Nas colhedoras do tipo “stripper”, os capulhos são retirados das plantas por meio do arranquio causado pela ação dos pentes e por um molinete. A colhedora atua como se fosse um grande pente, que arranca os capulhos inteiros da planta.


Este método é pouco utilizado no Brasil porque gera um algodão inferior, com maior quantidade de impurezas (brácteas, maçãs imaturas e demais partes das plantas). Por isso, o algodão colhido no sistema stripper demanda um sistema de pré-limpeza antes de ir para o beneficiamento.




Colhedoras do tipo stripper são mais utilizadas em sistemas de plantio adensado (espaçamento entre linhas menor que 76 cm) e ultra adensado.

Por outro lado, na colheita com o sistema stripper em espaçamentos adensados, ocorre menor ramificação lateral e as plantas atingem menor porte, o que aumenta a eficiência da colhedora e diminui a quantidade de impurezas.


Outro aspecto que favorece a adoção deste método é seu preço, considerado mais barato devido a simplicidade da operação de colheita dos sistemas tipo stripper. Outra importante vantagem é a menor perda quantitativa, principalmente em cultivos mais adensados, onde grande parte do algodão é coletada.

A altura ideal das plantas para obter um bom desempenho na colheita com colhedoras do tipo stripper varia entre 60 e 80 cm.


Colhedoras de fuso ou “Picker”



As colhedoras do tipo “picker” operam por meio de um dispositivo composto de fusos cônicos e estriados. Estes fusos giram em alta rotação e retiram, de forma seletiva, o algodão em caroço dos capulhos completamente abertos na planta. Os fusos são inseridos em barras com 12 a 16 fusos fixadas em tambores. Em geral, o tambor dianteiro retira 70 % do algodão e o traseiro retira 30 %.


Após serem retirados das plantas, a pluma é desprendida dos fusos por meio de desfibradores de borracha, denominados “doffer”, e levada para um cesto armazenador por meio de fluxo de ar.


Por ser mais complexo que o de pente, o sistema de fusos é mais caro. O investimento para a aquisição do maquinário é alto, e os custos com manutenção e regulagem também.


Colhedoras do tipo picker são tradicionalmente utilizadas em lavouras com espaçamento entrelinhas superiores a 76 cm. Contudo, já existem modelos apropriados para utilização em plantios adensados, com espaçamento entrelinhas de 38 cm. Em espaçamentos maiores as plantas ficam mais ramificadas e atingem maiores estaturas.





A colhedora do tipo picker apresenta melhor desempenho em lavouras com altura de plantas que variam entre 100 e 130 cm.

A grande vantagem das colhedoras de fuso está na qualidade da fibra. Neste método a pluma é colhida com menor quantidade de impurezas porque o maquinário é mais seletivo durante a operação. De acordo com a EMBRAPA, é por conta disso que este é o sistema de colheita mais utilizado no Brasil.


Se comparado ao sistema do tipo stripper, as colhedoras do tipo picker são mais caras, e geram maior perda quantitativa na colheita, pelo fato de colherem apenas plumas dos capulhos completamente abertos.

 O máximo de perda quantitativa aceitável na colheita do algodão é de 10 %, sendo o intervalo de 6 – 8 % a faixa ideal.

Processo de enfardamento do algodão


No processo de enfardamento, o algodão colhido é preparado para o transporte até a unidade de beneficiamento. Nas colhedoras do tipo picker existem duas formas de enfardamento do algodão colhido:


  • Utilização do cesto para a coleta do algodão colhido e posterior enfardamento (procedimento tradicional).
  • Enfardamento acoplado à colhedora.

Como o enfardamento do algodão é realizado

Primeiro, o algodão colhido é retirado da colhedora quando ela atinge a capacidade máxima de armazenamento. Da colhedora, o algodão é colocado em um implemento denominado “bass boy”, que é acoplado a um trator.

Na segunda etapa, o algodão é transportado do bass boy até uma prensa que faz o processo de enfardamento do algodão. É necessário que a colhedora interrompa a colheita durante o processo de transbordo do algodão colhido para que ocorra o enfardamento.

Enfardamento do algodão com colhedoras picker modernas

Nas colhedoras picker mais modernas, o enfardamento é realizado na própria colhedora. Neste caso, o sistema de enfardamento utiliza um filme de polietileno para envolver e proteger os fardos. O processo permite que a máquina trabalhe de forma contínua, aumentando a capacidade de colheita.


Uma limitação deste método é a necessidade de equipamentos específicos para o transporte dos fardos até a unidade de beneficiamento.

As colhedoras com sistema de enfardamento acoplado são capazes de colher de 2 a 3 hectares/horas de colheita.

Veja como é funciona uma colhedora de algodão com sistema de enfardamento acoplado:

Como escolher o melhor sistema de colheita?

Como as colhedoras do tipo “picker” são as mais utilizadas em função da qualidade do algodão colhido, que melhora a rentabilidade do produtor, a escolha da máquina recai nos dois sistemas de enfardamento discutidos acima.

Os seguintes pontos ajudam na escolha da melhor colhedora em função da realidade de cada propriedade:

  • Rendimento de colheita: as colhedoras com enfardamento acoplado apresentam maior rendimento de colheita, pois não há necessidade de parar a colheita para o transbordo do cesto, embora haja necessidade de parar para o reabastecimento do filme plástico a cada 22 ou 24 fardos. Nas colhedoras de cesto, em boas condições operacionais, as colhedoras permanecem colhendo cerca de 70 % do tempo de operação.
  • Custo de aquisição: as colhedoras com enfardamento acoplado apresentam custo inicial mais elevado, que pode ser revertido ou amortizado ao longo do tempo, em função da melhor eficiência na colheita.
  • Qualidade da fibra: colhedoras com enfardamento acoplado permitem a obtenção de fibras com menor quantidade de impurezas.

Visão do especialista Ag.In

A colheita mecanizada do algodão é muito importante, e dependendo das condições em que for realizada pode impactar negativamente na qualidade da fibra produzida.


Para evitar perdas, é fundamental um bom planejamento de logística para uso dos equipamentos e gerenciamento de pessoal, além de um dimensionamento adequado para aproveitar ao máximo a capacidade das colhedoras.


A escolha do melhor método de colheita é dependente das condições da lavoura e do investimento disponível pelo produtor. É fundamental que seja feito treinamento e atualização periódica dos operadores das máquinas, bem como manutenção constante de todos os equipamentos para garantir máxima a eficiência da colhedora.


Texto: Rafael Oliveira – Engenheiro Agrônomo Dr.

Pesquisador Associado Ag.In

Revisão e Edição: Equipe Ag.In.

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