Manual técnico para mistura de produtos em tanque de pulverização
Manual técnico para mistura de produtos em tanque de pulverização

A mistura de produtos em tanques de pulverização deve ser realizada corretamente para evitar ineficácia e prejuízos.
Em 2021, a Embrapa (Empresa de Pesquisa Agropecuária) unidade Soja lançou um manual técnico com o objetivo de ajudar agricultores, técnicos e operadores na mistura em tanque de agrotóxicos e afins. A publicação que é resultado de estudos realizados conjuntamente com a Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) e a Bayer Crop Science.
Por que criar um manual de mistura em tanque?
Em uma pesquisa realizada pela Embrapa, em 2015, em 17 estados do Brasil, constatou-se que 97% dos entrevistados utilizavam misturas em tanque, mesmo sendo prática não regulamentada no Brasil nessa época. Além disso, 95% das misturas integravam de dois a cinco produtos.
A mistura de produtos químicos no tanque de pulverização foi regulamentada por meio de Instrução Normativa no. 40, de 11 de outubro de 2018, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Até então a prática era feita de forma intuitiva pelos produtores.
O Manual procura orientar agricultores e técnicos, apresentando informações sobre as formulações disponíveis, e de forma geral, sobre os tipos de incompatibilidade física e química que podem ocorrer. O manual também discorre sobre os possíveis problemas e as recomendações para evitá-los.
Mistura em tanque
A ocorrência de insetos-pragas, doenças e plantas daninhas na cultura da soja podem ocorrer simultaneamente em uma mesma área, o que torna comum a mistura de químicos no tanque de pulverização.
De acordo com a Embrapa, os produtores optam pelas misturas devido à economia de água e de combustível na prevenção e manejo da resistência de plantas daninhas, pragas e doenças e na redução na exposição do trabalhador rural aos agrotóxicos, entre outras.
Apesar dos benefícios, a mistura de produtos pode apresentar incompatibilidade. A incompatibilidade pode acarretar gasto de tempo e dinheiro, pois a mistura pode não apresentar a eficácia esperada no controle, além de poder comprometer o sistema de pulverização, paralisar a pulverização, reduzir a eficiência operacional. Outro problema da incompatibilidade de produtos é que a limpeza dos equipamentos se torna mais difícil.
Evitando incompatibilidades
A qualidade da água usada nas misturas é um elemento essencial no preparo da mistura em tanque Características como pH, dureza e turbidez, entre outras impactam na qualidade da mistura.
Segundo a Embrapa, o pH influencia a solubilidade dos ingredientes ativos, risco de degradação alcalina ou ácida e os íons presentes na água podem interagir com esses e com os outros componentes, comprometendo a eficácia dos produtos presentes na mistura. “Além disso, a presença de materiais como matéria orgânica e argila também pode levar à inativação dos ingredientes ativos”, explicam os autores.
Outro fator que pode provocar incompatibilidade é a temperatura. A velocidade de dissolução e dispersão dos produtos geralmente é maior em água com temperaturas mais elevadas. É comum a ocorrência de incompatibilidade e dificuldade de dissolução durante as estações mais frias do ano, principalmente na região Sul do Brasil, devido à mudança de temperatura da água.
Também a falta de agitação constante durante após o preparo da calda de pulverização é apontada como risco ao sucesso da prática. Sem a agitação, os produtos podem não se dissolver ou não se dispersar adequadamente, e serão depositados no fundo do tanque ou formar sobrenadantes na camada superior da calda.
No entanto, os especialistas advertem que a agitação muito intensa pode gerar problemas, como a produção de espuma e, caso haja emulsões na mistura, pode ocorrer a desestabilização entre ingredientes ativos.
A ordem da adição de produtos na mistura é também essencial para minimizar os riscos de incompatibilidades químicas e físicas.
Em alguns casos, a compatibilidade dos produtos depende da sequência em que são adicionados no tanque.
Uma dica de especialista
Ramiro Ovejero, pesquisador da Bayer, explica que é importante adicionar o volume de água indicado para garantir que os produtos sejam dissolvidos ou dispersados adequadamente. É conveniente ainda que as misturas sejam utilizadas logo após o preparo. “O tempo de armazenamento de uma mistura pode comprometer a eficácia dos ingredientes ativos e comprometer a estabilidade da calda”, explica o especialista.
Além disso, é fundamental que as misturas sejam recomendadas por um engenheiro agrônomo, sempre levando em conta a ciência, a experiência do campo, as boas práticas agronômicas e as pesquisas disponíveis.
Este conteúdo foi adaptado pela Ag.In a partir do release da Embrapa Soja, publicado em 2021 pela jornalista Lebna Landgraf (MTb 2903 -PR).
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