O uso da água na cultura da soja

Lucas Jacinto • 6 de janeiro de 2023

 O uso da água na cultura da soja 

Registro mostra plantas de soja bem próximas à câmera, com pivô de irrigação ao fundo

Durante todo o seu ciclo, a planta de soja necessita de 450 a 800 mm de água.

Segundo dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção brasileira de soja somou aproximadamente 52 milhões de toneladas na safra 2001/02. Mais recentemente, na safra de 2021/22, a produção brasileira da oleaginosa atingiu a média de 122 milhões de toneladas.

 

Hoje o Brasil se destaca entre os principais produtores de soja do mundo como o país que apresentou a maior taxa de crescimento da produção nas últimas duas décadas, registrando aumento de 5,9%.

 

Este salto de produtividade é fruto de muito trabalho, dedicação e conhecimento técnico sobre sojicultura.

 

Entre os conhecimentos indispensáveis para quem deseja produzir ou melhorar sua produção de soja, está a demanda hídrica da cultura. Seja em lavouras de sequeiro, ou áreas irrigadas, a oferta de água durante todo o ciclo da planta precisa ser equilibrada.


Nesse contexto, é importante entender quais fatores contribuem para a utilização mais otimizada desse recurso natural, mapeando iniciativas estratégicas para atender as necessidades da cultura de forma sustentável e rentável. 


Influência da água do solo na cultura da soja


A disponibilidade de água no solo depende de diversos fatores, como:
 

  • Textura do solo.
  • Porosidade.
  • Teor de argila.
  • Matéria orgânica.

 

Esses fatores determinam como ocorre a retenção de água no solo e seu escoamento, seja pela superfície ou pelo interior do solo. A variação entre esses fatores resulta em uma maior ou menor disponibilidade de água, impactando no desenvolvimento das plantas.


Homem avaliando palhada no solo de uma lavoura.


Variáveis do território brasileiro


A produção brasileira de soja se estende por quase todo o território nacional, desde a região sul até o norte do país. Apenas sete estados brasileiros não produzem a oleaginosa. Com toda essa faixa de plantio, as condições hídricas das regiões produtoras variam muito.

 

Considerando que a maior parte dos agricultores produzem o grão como cultura de sequeiro – ou seja, dependem da chuva para molhar suas lavouras – os desafios durante o ciclo da soja são muitos.

 

Períodos de veranicos em estádios de desenvolvimento das plantas - momentos em que a água é essencial -, ou chuvas em grande quantidade quando as plantas precisam estar em um ambiente mais seco, causam sérios prejuízos aos produtores.

 

De modo geral, a falta de umidade do solo impacta diretamente em perda de produtividade. Entre os elementos que influenciam nessas perdas estão:

 

  • A cultivar de soja escolhida e seu ciclo
    Que pode sofrer menor ou maior impacto em um momento crítico.

 

  • Época de plantio
    Que vai definir o estádio da cultura durante uma situação climática adversa.

 

  • A fase de desenvolvimento das plantas
    Que podem precisar de mais ou menos água em períodos críticos.


Disponibilidade de água durante o desenvolvimento da cultura da soja


A planta de
soja necessita de 450 a 800 mm de água durante todo o seu ciclo - em média 620 mm. O volume de água exigido pela planta depende muito da cultivar escolhida para o plantio e, consequentemente, da duração do seu ciclo.


Para cada grama do grão de soja produzido, são necessários dois litros de água.

No entanto, a cada estádio de desenvolvimento da cultura, a necessidade de água varia. Alguns estádios são mais exigentes, enquanto em outros, não pode haver uma grande oferta de água para as plantas.

Períodos críticos para o desenvolvimento da cultura da soja



A germinação-emergência das plântulas e floração-enchimento de grãos são os dois períodos em que a disponibilidade de água é mais crítica. A oferta de recursos hídricos nesses estádios pode influenciar bastante na produtividade da lavoura – positivamente ou negativamente.

Fotografia de vagens de soja em uma lavoura num dia ensolarado


A importância da água na germinação das sementes e emergência da cultura da soja


No período entre a germinação das sementes e a emergência das plântulas, tanto o excesso, quanto a falta de água, prejudicam a uniformidade da lavoura. O desequilíbrio neste momento, pode causar perda na população de plantas. 

 

Para se ter ideia, após o plantio, a semente de soja precisa absorver cerca de 50% da sua massa em água para assegurar boa germinação.


Situações em que a cultura da soja sofre com falta de água durante a emergência, fazem com que as plantas fechem seus estômatos como mecanismo de defesa. Isso ocorre para que a pouca água absorvida não seja perdida pela transpiração e continue dentro das plantas, para serem utilizadas nos processos metabólicos.

 

Como consequência, o fechamento dos estômatos e a alta radiação solar aumentam a temperatura interna das plantas, afetando todo o seu metabolismo e podendo prejudicar a produtividade da lavoura.


Importante saber:

  • Estômatos: estruturas celulares que ficam na superfície das folhas e tem como função realizar as trocas gasosas da planta.

 

Impacto da falta de água no florescimento e enchimento dos grãos


Como a soja consegue sobreviver mesmo com menores quantidades de flores e vagens, em situações de déficit hídrico a planta pode abortar essas partes para conseguir se nutrir e continuar seu ciclo. Se o período de estiagem for mais longo, os prejuízos na produtividade podem aumentar.

Sem água, o tamanho dos grãos pode ser menor ao fim da safra. Além disso, pode ocorrer o abortamento das vagens que a planta havia conseguido preservar em estádios anteriores.

 

As plantas de soja necessitam, em média, de 7 mm de água por dia bem distribuídos durante todo o ciclo.


Consequências do excesso de água na cultura da soja


A necessidade de água na cultura da soja aumenta durante seu desenvolvimento. O ponto máximo é a fase de floração até o enchimento de grãos. Após esse período, a exigência da água passa a diminuir.

 

Para gerar grãos de qualidade nessa etapa – em que as plantas atingem sua maior área foliar e maior altura – a cultura da soja atinge também sua maior taxa de fotossíntese, atendendo a demanda de substrato para a produção de flores, vagens e grãos.

 

Se nessa fase a lavoura é impactada por um período muito chuvoso ou dias muito nublados, a disponibilidade de radiação solar diminui, fazendo com que a planta não atinja seu potencial fotossintético necessário.

 

O excesso de chuvas a partir do final do enchimento dos grãos e maturação das vagens é tão crítico, que a alta umidade pode causar impactos nas plantas e nas operações do agricultor, como:

 

  • Germinação dos grãos ainda dentro das vagens.
  • Abertura das vagens, facilitando o surgimento de fungos nos grãos (grãos ardidos).
  • Ataques de pragas, como percevejos e besouros.
  • Nos períodos de colheita, as chuvas podem atrasar a entrada das máquinas na lavoura.


Além destes pontos, a alta umidade pode ocasionar embuchamento das máquinas, patinagem dos tratores e uma série de outros problemas operacionais.

Lavoura de soja onde foi realizado plantio direto.


Predição das condições climáticas e planejamento do uso da água na cultura da soja


Em algumas regiões, ou em anos em que as condições climáticas não são favoráveis para a cultura da soja, o produtor se vê com a necessidade de corrigir o fornecimento de água para as plantas. Quando possível, o produtor opta por irrigar sua lavoura, fazendo com que a demanda de água da cultura seja suprida.

 

A irrigação é uma tecnologia utilizada para atender, principalmente, a demanda crescente pela produção de alimentos de forma sustentável. No entanto, o uso dessa ferramenta precisa ser planejado, o que exige um bom monitoramento e manejo da lavoura, além de uma boa gestão de todo o sistema que envolve diversas outras práticas agronômicas.


A irrigação, quando bem planejada e instalada adequadamente, pode trazer muitos benefícios ao produtor:

 

  • Aumento da produtividade.
  • Melhora da qualidade e padronização dos produtos agrícolas.
  • Abertura de novos mercados.
  • Diminuição dos custos de produção e maior rentabilidade.
  • Aumento da diversidade de culturas.
  • Modernização dos sistemas de produção, introduzindo novas tecnologias na produção agrícola.


Gostou deste conteúdo? Ele foi produzido pela Ag.In em 2019, e publicado originalmente no blog da Agrosmart.


Para saber mais sobre como utilizar corretamente a água na produção de soja, entre em contato conosco:

  • E-mail: contato@agin.agr.br
  • Telefone (WhatsApp): (34) 99824-1462.
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