O uso da água na cultura da soja
O uso da água na cultura da soja

Durante todo o seu ciclo, a planta de soja necessita de 450 a 800 mm de água.
Segundo dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção brasileira de soja somou aproximadamente 52 milhões de toneladas na safra 2001/02. Mais recentemente, na safra de 2021/22, a produção brasileira da oleaginosa atingiu a média de 122 milhões de toneladas.
Hoje o Brasil se destaca entre os principais produtores de soja do mundo como o país que apresentou a maior taxa de crescimento da produção nas últimas duas décadas, registrando aumento de 5,9%.
Este salto de produtividade é fruto de muito trabalho, dedicação e conhecimento técnico sobre sojicultura.
Entre os conhecimentos indispensáveis para quem deseja produzir ou melhorar sua produção de soja, está a demanda hídrica da cultura. Seja em lavouras de sequeiro, ou áreas irrigadas, a oferta de água durante todo o ciclo da planta precisa ser equilibrada.
Nesse contexto, é importante entender quais fatores contribuem para a utilização mais otimizada desse recurso natural, mapeando iniciativas estratégicas para atender as necessidades da cultura de forma sustentável e rentável.
Influência da água do solo na cultura da soja
A disponibilidade de água no solo depende de diversos fatores, como:
- Textura do solo.
- Porosidade.
- Teor de argila.
- Matéria orgânica.
Esses fatores determinam como ocorre a retenção de água no solo e seu escoamento, seja pela superfície ou pelo interior do solo. A variação entre esses fatores resulta em uma maior ou menor disponibilidade de água, impactando no desenvolvimento das plantas.

Variáveis do território brasileiro
A produção brasileira de soja se estende por quase todo o território nacional, desde a região sul até o norte do país. Apenas sete estados brasileiros não produzem a oleaginosa. Com toda essa faixa de plantio, as condições hídricas das regiões produtoras variam muito.
Considerando que a maior parte dos agricultores produzem o grão como cultura de sequeiro – ou seja, dependem da chuva para molhar suas lavouras – os desafios durante o ciclo da soja são muitos.
Períodos de veranicos em estádios de desenvolvimento das plantas - momentos em que a água é essencial -, ou chuvas em grande quantidade quando as plantas precisam estar em um ambiente mais seco, causam sérios prejuízos aos produtores.
De modo geral, a falta de umidade do solo impacta diretamente em perda de produtividade. Entre os elementos que influenciam nessas perdas estão:
- A cultivar de soja escolhida e seu ciclo
Que pode sofrer menor ou maior impacto em um momento crítico.
- Época de plantio
Que vai definir o estádio da cultura durante uma situação climática adversa.
- A fase de desenvolvimento das plantas
Que podem precisar de mais ou menos água em períodos críticos.
Disponibilidade de água durante o desenvolvimento da cultura da soja
A planta de
soja necessita de 450 a 800 mm de água durante todo o seu ciclo - em média 620 mm. O volume de água exigido pela planta depende muito da cultivar escolhida para o plantio e, consequentemente, da duração do seu ciclo.
Para cada grama do grão de soja produzido, são necessários dois litros de água.
No entanto, a cada estádio de desenvolvimento da cultura, a necessidade de água varia. Alguns estádios são mais exigentes, enquanto em outros, não pode haver uma grande oferta de água para as plantas.
Períodos críticos para o desenvolvimento da cultura da soja
A
germinação-emergência das plântulas e floração-enchimento de grãos são os dois períodos em que a disponibilidade de água é mais crítica. A oferta de recursos hídricos nesses estádios pode influenciar bastante na produtividade da lavoura – positivamente ou negativamente.

A importância da água na germinação das sementes e emergência da cultura da soja
No período entre a germinação das sementes e a emergência das plântulas, tanto o excesso, quanto a falta de água, prejudicam a uniformidade da lavoura. O desequilíbrio neste momento, pode causar perda na população de plantas.
Para se ter ideia, após o plantio, a semente de soja precisa absorver cerca de 50% da sua massa em água para assegurar boa germinação.
Situações em que a cultura da soja sofre com falta de água durante a emergência, fazem com que as plantas fechem seus estômatos como mecanismo de defesa. Isso ocorre para que a pouca água absorvida não seja perdida pela transpiração e continue dentro das plantas, para serem utilizadas nos processos metabólicos.
Como consequência, o fechamento dos estômatos e a alta radiação solar aumentam a temperatura interna das plantas, afetando todo o seu metabolismo e podendo prejudicar a produtividade da lavoura.
Importante saber:
- Estômatos: estruturas celulares que ficam na superfície das folhas e tem como função realizar as trocas gasosas da planta.
Impacto da falta de água no florescimento e enchimento dos grãos
Como a soja consegue sobreviver mesmo com menores quantidades de flores e vagens, em situações de déficit hídrico a planta pode abortar essas partes para conseguir se nutrir e continuar seu ciclo. Se o período de estiagem for mais longo, os prejuízos na produtividade podem aumentar.
Sem água, o tamanho dos grãos pode ser menor ao fim da safra. Além disso, pode ocorrer o abortamento das vagens que a planta havia conseguido preservar em estádios anteriores.
As plantas de soja necessitam, em média, de 7 mm de água por dia bem distribuídos durante todo o ciclo.
Consequências do excesso de água na cultura da soja
A necessidade de água na cultura da soja aumenta durante seu desenvolvimento. O ponto máximo é a fase de floração até o enchimento de grãos. Após esse período, a exigência da água passa a diminuir.
Para gerar grãos de qualidade nessa etapa – em que as plantas atingem sua maior área foliar e maior altura – a cultura da soja atinge também sua maior taxa de fotossíntese, atendendo a demanda de substrato para a produção de flores, vagens e grãos.
Se nessa fase a lavoura é impactada por um período muito chuvoso ou dias muito nublados, a disponibilidade de radiação solar diminui, fazendo com que a planta não atinja seu potencial fotossintético necessário.
O excesso de chuvas a partir do final do enchimento dos grãos e maturação das vagens é tão crítico, que a alta umidade pode causar impactos nas plantas e nas operações do agricultor, como:
- Germinação dos grãos ainda dentro das vagens.
- Abertura das vagens, facilitando o surgimento de fungos nos grãos (grãos ardidos).
- Ataques de pragas, como percevejos e besouros.
- Nos períodos de colheita, as chuvas podem atrasar a entrada das máquinas na lavoura.
Além destes pontos, a alta umidade pode ocasionar embuchamento das máquinas, patinagem dos tratores e uma série de outros problemas operacionais.

Predição das condições climáticas e planejamento do uso da água na cultura da soja
Em algumas regiões, ou em anos em que as condições climáticas não são favoráveis para a cultura da soja, o produtor se vê com a necessidade de corrigir o fornecimento de água para as plantas. Quando possível, o produtor opta por irrigar sua lavoura, fazendo com que a demanda de água da cultura seja suprida.
A irrigação é uma tecnologia utilizada para atender, principalmente, a demanda crescente pela produção de alimentos de forma sustentável. No entanto, o uso dessa ferramenta precisa ser planejado, o que exige um bom monitoramento e manejo da lavoura, além de uma boa gestão de todo o sistema que envolve diversas outras práticas agronômicas.
A irrigação, quando bem planejada e instalada adequadamente, pode trazer muitos benefícios ao produtor:
- Aumento da produtividade.
- Melhora da qualidade e padronização dos produtos agrícolas.
- Abertura de novos mercados.
- Diminuição dos custos de produção e maior rentabilidade.
- Aumento da diversidade de culturas.
- Modernização dos sistemas de produção, introduzindo novas tecnologias na produção agrícola.
Gostou deste conteúdo? Ele foi produzido pela Ag.In em 2019, e publicado originalmente no blog da Agrosmart.
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